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polícia civil até a década de 60
Policiais valorosos que marcaram época na história da Polícia Civil do Estado de São Paulo
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Delegado de Polícia Antonio de Godoi Moreira e Costa, um dos idealizadores da criação da Polícia Civil de carreira, em 1.905.
Delegado de Polícia João Batista de Souza, em 1.920.
Em 1.924, o cargo de Delegado Geral de Polícia foi suprimido, estabelecendo-se a figura do Chefe de Polícia, sendo fixado 4 Delegados Auxiliares no Estado de São Paulo (diretores de departamenos), cujos titulares teriam o dever de permanecer em qualquer região do Estado, quando houvesse interesse ao serviço policial.
Quanto a cidade de São Paulo, fixou-se em 6 Delegacias Circunscricionais.
Em 1.924, o cargo de Delegado Geral de Polícia foi suprimido, estabelecendo-se a figura do Chefe de Polícia, sendo fixado 4 Delegados Auxiliares no Estado de São Paulo (diretores de departamenos), cujos titulares teriam o dever de permanecer em qualquer região do Estado, quando houvesse interesse ao serviço policial.
Quanto a cidade de São Paulo, fixou-se em 6 Delegacias Circunscricionais.
Delegado de Polícia Albino Camargo Netto.
Nascimento: São Luiz do Paraítinga-SP, em 08 de novembro de 1893.
Falecimento: São Paulo-SP, em 12 de dezembro de 1969.
Filiação: Antonio Ezequiel de Camargo e Joana Santana Camargo.
Esposa: Altina Duarte Camargo
Filhos: Maria José de Camargo Junqueira Reis (casada com Dr. Henrique Junqueira Reis).
Profissão: Advogado, Professor, Jornalista, Escritor e Delegado de Polícia.
Estudou no Colégio Estadual de Jacareí e em 1906 formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo.
Em 1912 ingressou como professor no Colégio do Estado de Ribeirão Preto (atual Otoniel Mota), onde foi lente de psicologia e lógica.
Em Ribeirão Preto foi ainda redator do jornal Diário da Manhã e Delegado de Polícia.
Na política atuou como Vereador no período de 1926 a 1929; ocupou o cargo de chefe do executivo municipal como Prefeito Outorgado de Ribeirão Preto em novembro de 1930 e exerceu o mandato de Deputado Estadual pelo Partido Constitucionalista no período de 1963 a 1937.
Foi também combatente na Revolução Constitucionalista de 1932. Como escritor foi autor da obra "Tratado de Psicologia".
Nascimento: São Luiz do Paraítinga-SP, em 08 de novembro de 1893.
Falecimento: São Paulo-SP, em 12 de dezembro de 1969.
Filiação: Antonio Ezequiel de Camargo e Joana Santana Camargo.
Esposa: Altina Duarte Camargo
Filhos: Maria José de Camargo Junqueira Reis (casada com Dr. Henrique Junqueira Reis).
Profissão: Advogado, Professor, Jornalista, Escritor e Delegado de Polícia.
Estudou no Colégio Estadual de Jacareí e em 1906 formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo.
Em 1912 ingressou como professor no Colégio do Estado de Ribeirão Preto (atual Otoniel Mota), onde foi lente de psicologia e lógica.
Em Ribeirão Preto foi ainda redator do jornal Diário da Manhã e Delegado de Polícia.
Na política atuou como Vereador no período de 1926 a 1929; ocupou o cargo de chefe do executivo municipal como Prefeito Outorgado de Ribeirão Preto em novembro de 1930 e exerceu o mandato de Deputado Estadual pelo Partido Constitucionalista no período de 1963 a 1937.
Foi também combatente na Revolução Constitucionalista de 1932. Como escritor foi autor da obra "Tratado de Psicologia".
Delegado de Polícia Ibrahim de Almeida Nobre-O TRIBUNO DA REVOLUÇÃO DE 1930
Fotografia: imagem cedida pela família do Ibrahim Almeida Nobre
Fonte texto: http://www.sampa.art.br/biografias/brahimalmeidanobre/
Quando há mais de meio século São Paulo se levantava em armas contra ditadura que escamoteou as esperanças dos revolucionário de 30 e protelava a restauração do Estado de Direito, houve um paulista que encarnou a angústia do povo e se tornou se porta-voz na praça pública. Esse homem chamava-se Ibrahim de Almeida Nobre.
Nascido no coração da cidade, em plena Rua Direita, não poderia haver cidadão mais orgulhoso de sua origem do que o futuro "Tribuno da Revolução", que se formou em direito na turma de 1909, das venerandas Arcadas do Largo de São Francisco, depois de um prolongado namoro com a medicina. Desta última, pôde aproveitar o aprendizado na seara de Esculápio, no município de Salesópolis, marco inicial de sua vida pública, como delegado de polícia, ao auxiliar a população dizimada pela varíola. Nesse local, segundo o testemunho de seu dileto amigo e confrade Menotti del Picchia, Ibrahim fez-se enfermeiro dos doentes e se revelou o mesmo samaritano no desempenho de idênticas funções na comarca de Casa Branca, a ponto de o autor de "Juca Mulato" inspira-se na bravura e na galanteria do jovem policial para escrever a novela "Dente de Ouro".
A seguir, já na baixada santista, como titular da Delegacia Seccional de Santos, mostrou-se autoridade serena e equilibrada, num período difícil, agitado por greves e tumultos anarquistas, especialmente no cais do porto, de onde saiu, prestigiado pela população da cidade, para assumir a Delegacia da Ordem Política e Social de São Paulo, como titular, até ser nomeado, em maio de 1927, Promotor Público da Capital, na vaga de Márcio Pereira Munhoz. Neste posto, que exerceu com inexcedível brilho, ao lado de figuras excepcionais do Ministério Público, como César Salgado, Ataliba Nogueira, Soares de Mello, Vicente de Azevedo, Canuto Mendes de Almeida e Basileu Garcia, a Revolução de 32 veio encontrá-lo e o convocou para a luta como tribuno do povo.
Quem é que não conhece o manifesto endereçado aos paulistas "Minha Terra, Minha Pobre Terra" que a Gazeta de Cásper Líbero deu a lume, pela primeira vez, na edição de 25 de janeiro daquele ano? E que se tornou a Marselhesa dos constitucionalistas?
Quem é que não ouviu falar de sua presença destemida, juntamente com o legendário Antônio Pereira Lima nos comícios da Praça da Sé e do Patriarca, em soberbo espetáculo, pregando o retorno da legalidade, naquele memorável domingo cheio de sol que precedeu a chacina do 23 de maio? da marcha do povo em delírio, com Ibrahim à sua frente, ao lado de Marcos Mélega, Aureliano Leite, Silvio de Campos e outros, sobre o Quartel de 2a. Região Militar da Rua Conselheiro Crispiniano, hoje lamentavelmente demolido, e na sede do Comando Geral da Força Pública da Avenida Tiradentes, conclamado a tropa para aderir à revolta? E aquele encontro, no Palácio dos Campos Elíseos, onde o Promotor de Justiça lançou o repto patético à face do Inventor Federal Pedro de Toledo para que optasse entre a causa de São Paulo ou a subserviência ignóbil a um governo que vilipendiara os ideais de 30? São momentos antológicos de sua vida pública, que bastariam para torna-lo credor da administração de seus patrícios...
Depois, travou-se a luta armada, militarmente desigual, na qual se engajou como simples soldado raso, num batalhão que levava o seu nome impoluto, sob o comando do Cel. Pedro Dias de Campos, para combater o inimigo na Frente Sul, nas trincheiras de Ourinhos, Itahi, Fartura, Bernardino de Campos, Xavantes, Ipaussu e Noutras Localidades do setor do Paranapanema até a melancólica deposição do fuzil, em fins de setembro, coroado pelas agruras do cárcere, só amenizada pela calorosa solidariedade de seus colegas de Promotoria.
Na sala da Capela, assim chamado o presídio político da antiga Casa de Correição, no Rio de Janeiro, Ibrahim divide a glória de seu martírio com Pereira Lima, Aureliano Leite, Waldemar Ferreira, Cásper Líbero, Guilherme de Almeida, Paulo Duarte, Francisco Mesquita, Júlio de Mesquita Filho, Vivaldo Coaracy, e dezenas de outros, que seguiram para o exílio, de onde retornariam à Pátria, anistiados em 1934, em face da convocação da Assembléia Constituinte, tão ansiada pelo povo.
No inquérito aberto sobre a insurreição, Ibrahim manteve-se altivo e intimorato, consciente da responsabilidade que lhe tocou por haver participado da guerra civil, sem contudo acusar ninguém no depoimento que prestou às autoridades da Ditadura, apenas dizendo que "o movimento tinha por finalidade o retorno do País à ordem legal".
Era o começo do calvário do herói, que se confundia com a montanha que sua pobre terra, humilhada pela derrota, e onde o Governador Militar Waldomiro Castilho de Lima, viria a exonerá-lo da promotoria em 24 de fevereiro de 1933, para o qual reverteu em 4 de agosto de 1938, por ato do então interventor federal Adhemar Pereira de Barros, embora permanecendo em disponibilidade, até ser aproveitado no cargo de 7o. Promotor Público da Capital em 1947, no qual permaneceu pouco tempo, porque se viu nomeado logo mais Subprocurador Geral da Justiça que exerceu até aposentar-se em 1949, quando contava mais de 30 anos de serviço público efetivo.
Várias entidades culturais disputaram a honra insigne de sua presença em seus quadros, destacando-se a Academia Paulista de Letras, que abriu as portas em 1960, para oferecer a cadeira nº. 21, na vaga do Jurista Plínio Barreto, hoje ilustrada pelo eminente Desembargador Odilon da Costa Manso.
Ibrahim, que nunca se preocupou em deixar uma obra escrita, senão uma produção fragmentária representada por trabalhos dispersos em jornais e revistas, trazia em sua bagagem a mais bela página de civismo jamais escrita na história de São Paulo e, no coração – que a platéia presente à sua posse pode testemunhar – o poeta apaixonado de Piratininga...
Recebeu ainda o velho campeador, na glória de seus 80 anos, um preito de veneração promovida pela "Comissão Nacional Pró-Homenagem a Ibrahim Nobre", em sessão especial realizada no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sob a presidência de seu companheiro de lutas Aureliano Leite, que falou de seu civismo, ocasião em que fizeram uso da palavra Austregésilo de Athaíde e Guilherme de Almeida para exaltar as virtudes e a brasilidade do homenageado, que se viu condecorado, no Instituto de Engenharia, com a medalha do "Mérito Bandeirante". Recebeu, também, na mesma oportunidade, significativa homenagem no Plenário do Egrégio Tribunal de Alçada Criminal, através da palavra do então Ministro Manoel Pedro Pimentel, que lembrou "o estilo inconfundível, o surpreendente de suas imagens literárias, a riqueza e a fertilidade de seu verbo, que o consagraram como um dos maiores representantes do Ministério Público na "Tribuna do Júri de São Paulo".
Dois anos depois, a 8 de abril de 1970, desaparecia o grande paladino da Lei, qualidade que figura no listel de sua nobreza moral, recebendo sua memória as mais expressivas manifestações de apreço no Egrégio Tribunal de Justiça, pelas vozes de Adriano Marrey, Lafayete Salles Júnior, Euler Bueno, Hoeppner Dutra, Silos Cintra, Pereira Lima, Dario de Abreu Pereira, além do Presidente daquela Colenda Corte, o Des. Candido de Almeida e do Advogado Theodolindo Castiglione, e cujo nome, mais tarde, foi escolhido patrono da cadeira nº. 5 da Academia Paulista de Direito, por seu sócio fundador e atual ocupante, Oscar Xavier de Freitas.
Sepultado inicialmente no cemitério de São Paulo, com sua velha beca de Promotor, conforme desejo seu, manifesto in articulo mortis, no jazigo da família, onde já se achavam os restos mortais de sua querida Brisabela, seu busto de bronze – moldado pelas mãos talentosas de Luiz Morrone – atesta a passagem luminosa do grande orador pelo Plenário do Tribunal de Júri, sendo seu corpo trasladado, por ocasião das comemorações do 45º aniversário da Revolução Constitucionalista, em 1977, para o Panteão dos Heróis de 32, no Parque Ibirapuera, juntamente com as cinzas de sua esposa, num comovente cortejo fúnebre.
Ali repousa, ao lado de Guilherme de Almeida, separados por um altar, logo atrás do túmulo do "herói jacente"que abriga os despojos das primeiras vítimas da Ditadura, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, e do bravo caboclo Paulo Virgínio, debaixo da magnífica abóbada da cripta daquele imponente santuário da Raça dos Paulistas.
A poucos metros dali, numa praça fronteiriça do Mausoléu, ergue-se o vulto de Ibrahim, lavrado no bronze eterno pelo mesmo estatuário, discípulo de Ximenes, que uma comissão, formada por Advogados, promotores e Juízes mandou executar sobre um pedestal assentado em punhados de terras colhidas dos fundos das trincheiras da Guerra Cívica do Vale do Paraíba, da Serra da Mantiqueira, de Cunha, de Buri, das praias do nosso litoral, e de tantos outros sítios, dos mais longínquos rincões do Estado de São Paulo, palco adormecido da resistência indômita, misturada com o sangue e as lágrimas dos moços que seguiram seus passos, na memorável arrancada de 32.
Assim viveu e morreu o Tribuno da Revolução, que não teve outro ideal na vida senão o de servir a Pátria e a Justiça de sua terra!
(Emeric Lévay - O autor é Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo e Professor Titular de Direito Processual Penal da Universidade Presbiteriana Mackenzie e acadêmico da Academia Paulista de História).
ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIA – ANO XIII – Nº 70 – MARÇO/2000
Fotografia: imagem cedida pela família do Ibrahim Almeida Nobre
Fonte texto: http://www.sampa.art.br/biografias/brahimalmeidanobre/
Quando há mais de meio século São Paulo se levantava em armas contra ditadura que escamoteou as esperanças dos revolucionário de 30 e protelava a restauração do Estado de Direito, houve um paulista que encarnou a angústia do povo e se tornou se porta-voz na praça pública. Esse homem chamava-se Ibrahim de Almeida Nobre.
Nascido no coração da cidade, em plena Rua Direita, não poderia haver cidadão mais orgulhoso de sua origem do que o futuro "Tribuno da Revolução", que se formou em direito na turma de 1909, das venerandas Arcadas do Largo de São Francisco, depois de um prolongado namoro com a medicina. Desta última, pôde aproveitar o aprendizado na seara de Esculápio, no município de Salesópolis, marco inicial de sua vida pública, como delegado de polícia, ao auxiliar a população dizimada pela varíola. Nesse local, segundo o testemunho de seu dileto amigo e confrade Menotti del Picchia, Ibrahim fez-se enfermeiro dos doentes e se revelou o mesmo samaritano no desempenho de idênticas funções na comarca de Casa Branca, a ponto de o autor de "Juca Mulato" inspira-se na bravura e na galanteria do jovem policial para escrever a novela "Dente de Ouro".
A seguir, já na baixada santista, como titular da Delegacia Seccional de Santos, mostrou-se autoridade serena e equilibrada, num período difícil, agitado por greves e tumultos anarquistas, especialmente no cais do porto, de onde saiu, prestigiado pela população da cidade, para assumir a Delegacia da Ordem Política e Social de São Paulo, como titular, até ser nomeado, em maio de 1927, Promotor Público da Capital, na vaga de Márcio Pereira Munhoz. Neste posto, que exerceu com inexcedível brilho, ao lado de figuras excepcionais do Ministério Público, como César Salgado, Ataliba Nogueira, Soares de Mello, Vicente de Azevedo, Canuto Mendes de Almeida e Basileu Garcia, a Revolução de 32 veio encontrá-lo e o convocou para a luta como tribuno do povo.
Quem é que não conhece o manifesto endereçado aos paulistas "Minha Terra, Minha Pobre Terra" que a Gazeta de Cásper Líbero deu a lume, pela primeira vez, na edição de 25 de janeiro daquele ano? E que se tornou a Marselhesa dos constitucionalistas?
Quem é que não ouviu falar de sua presença destemida, juntamente com o legendário Antônio Pereira Lima nos comícios da Praça da Sé e do Patriarca, em soberbo espetáculo, pregando o retorno da legalidade, naquele memorável domingo cheio de sol que precedeu a chacina do 23 de maio? da marcha do povo em delírio, com Ibrahim à sua frente, ao lado de Marcos Mélega, Aureliano Leite, Silvio de Campos e outros, sobre o Quartel de 2a. Região Militar da Rua Conselheiro Crispiniano, hoje lamentavelmente demolido, e na sede do Comando Geral da Força Pública da Avenida Tiradentes, conclamado a tropa para aderir à revolta? E aquele encontro, no Palácio dos Campos Elíseos, onde o Promotor de Justiça lançou o repto patético à face do Inventor Federal Pedro de Toledo para que optasse entre a causa de São Paulo ou a subserviência ignóbil a um governo que vilipendiara os ideais de 30? São momentos antológicos de sua vida pública, que bastariam para torna-lo credor da administração de seus patrícios...
Depois, travou-se a luta armada, militarmente desigual, na qual se engajou como simples soldado raso, num batalhão que levava o seu nome impoluto, sob o comando do Cel. Pedro Dias de Campos, para combater o inimigo na Frente Sul, nas trincheiras de Ourinhos, Itahi, Fartura, Bernardino de Campos, Xavantes, Ipaussu e Noutras Localidades do setor do Paranapanema até a melancólica deposição do fuzil, em fins de setembro, coroado pelas agruras do cárcere, só amenizada pela calorosa solidariedade de seus colegas de Promotoria.
Na sala da Capela, assim chamado o presídio político da antiga Casa de Correição, no Rio de Janeiro, Ibrahim divide a glória de seu martírio com Pereira Lima, Aureliano Leite, Waldemar Ferreira, Cásper Líbero, Guilherme de Almeida, Paulo Duarte, Francisco Mesquita, Júlio de Mesquita Filho, Vivaldo Coaracy, e dezenas de outros, que seguiram para o exílio, de onde retornariam à Pátria, anistiados em 1934, em face da convocação da Assembléia Constituinte, tão ansiada pelo povo.
No inquérito aberto sobre a insurreição, Ibrahim manteve-se altivo e intimorato, consciente da responsabilidade que lhe tocou por haver participado da guerra civil, sem contudo acusar ninguém no depoimento que prestou às autoridades da Ditadura, apenas dizendo que "o movimento tinha por finalidade o retorno do País à ordem legal".
Era o começo do calvário do herói, que se confundia com a montanha que sua pobre terra, humilhada pela derrota, e onde o Governador Militar Waldomiro Castilho de Lima, viria a exonerá-lo da promotoria em 24 de fevereiro de 1933, para o qual reverteu em 4 de agosto de 1938, por ato do então interventor federal Adhemar Pereira de Barros, embora permanecendo em disponibilidade, até ser aproveitado no cargo de 7o. Promotor Público da Capital em 1947, no qual permaneceu pouco tempo, porque se viu nomeado logo mais Subprocurador Geral da Justiça que exerceu até aposentar-se em 1949, quando contava mais de 30 anos de serviço público efetivo.
Várias entidades culturais disputaram a honra insigne de sua presença em seus quadros, destacando-se a Academia Paulista de Letras, que abriu as portas em 1960, para oferecer a cadeira nº. 21, na vaga do Jurista Plínio Barreto, hoje ilustrada pelo eminente Desembargador Odilon da Costa Manso.
Ibrahim, que nunca se preocupou em deixar uma obra escrita, senão uma produção fragmentária representada por trabalhos dispersos em jornais e revistas, trazia em sua bagagem a mais bela página de civismo jamais escrita na história de São Paulo e, no coração – que a platéia presente à sua posse pode testemunhar – o poeta apaixonado de Piratininga...
Recebeu ainda o velho campeador, na glória de seus 80 anos, um preito de veneração promovida pela "Comissão Nacional Pró-Homenagem a Ibrahim Nobre", em sessão especial realizada no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sob a presidência de seu companheiro de lutas Aureliano Leite, que falou de seu civismo, ocasião em que fizeram uso da palavra Austregésilo de Athaíde e Guilherme de Almeida para exaltar as virtudes e a brasilidade do homenageado, que se viu condecorado, no Instituto de Engenharia, com a medalha do "Mérito Bandeirante". Recebeu, também, na mesma oportunidade, significativa homenagem no Plenário do Egrégio Tribunal de Alçada Criminal, através da palavra do então Ministro Manoel Pedro Pimentel, que lembrou "o estilo inconfundível, o surpreendente de suas imagens literárias, a riqueza e a fertilidade de seu verbo, que o consagraram como um dos maiores representantes do Ministério Público na "Tribuna do Júri de São Paulo".
Dois anos depois, a 8 de abril de 1970, desaparecia o grande paladino da Lei, qualidade que figura no listel de sua nobreza moral, recebendo sua memória as mais expressivas manifestações de apreço no Egrégio Tribunal de Justiça, pelas vozes de Adriano Marrey, Lafayete Salles Júnior, Euler Bueno, Hoeppner Dutra, Silos Cintra, Pereira Lima, Dario de Abreu Pereira, além do Presidente daquela Colenda Corte, o Des. Candido de Almeida e do Advogado Theodolindo Castiglione, e cujo nome, mais tarde, foi escolhido patrono da cadeira nº. 5 da Academia Paulista de Direito, por seu sócio fundador e atual ocupante, Oscar Xavier de Freitas.
Sepultado inicialmente no cemitério de São Paulo, com sua velha beca de Promotor, conforme desejo seu, manifesto in articulo mortis, no jazigo da família, onde já se achavam os restos mortais de sua querida Brisabela, seu busto de bronze – moldado pelas mãos talentosas de Luiz Morrone – atesta a passagem luminosa do grande orador pelo Plenário do Tribunal de Júri, sendo seu corpo trasladado, por ocasião das comemorações do 45º aniversário da Revolução Constitucionalista, em 1977, para o Panteão dos Heróis de 32, no Parque Ibirapuera, juntamente com as cinzas de sua esposa, num comovente cortejo fúnebre.
Ali repousa, ao lado de Guilherme de Almeida, separados por um altar, logo atrás do túmulo do "herói jacente"que abriga os despojos das primeiras vítimas da Ditadura, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, e do bravo caboclo Paulo Virgínio, debaixo da magnífica abóbada da cripta daquele imponente santuário da Raça dos Paulistas.
A poucos metros dali, numa praça fronteiriça do Mausoléu, ergue-se o vulto de Ibrahim, lavrado no bronze eterno pelo mesmo estatuário, discípulo de Ximenes, que uma comissão, formada por Advogados, promotores e Juízes mandou executar sobre um pedestal assentado em punhados de terras colhidas dos fundos das trincheiras da Guerra Cívica do Vale do Paraíba, da Serra da Mantiqueira, de Cunha, de Buri, das praias do nosso litoral, e de tantos outros sítios, dos mais longínquos rincões do Estado de São Paulo, palco adormecido da resistência indômita, misturada com o sangue e as lágrimas dos moços que seguiram seus passos, na memorável arrancada de 32.
Assim viveu e morreu o Tribuno da Revolução, que não teve outro ideal na vida senão o de servir a Pátria e a Justiça de sua terra!
(Emeric Lévay - O autor é Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo e Professor Titular de Direito Processual Penal da Universidade Presbiteriana Mackenzie e acadêmico da Academia Paulista de História).
ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIA – ANO XIII – Nº 70 – MARÇO/2000
Secretário de Segurança Pública, Delegado de Polícia Artur Leite de Barros Junior, na década de 30.
Tio avô de nosso Diretor da ACADEPOL, Delegado de Polícia Mário Leite de Barros Filho.
Tio avô de nosso Diretor da ACADEPOL, Delegado de Polícia Mário Leite de Barros Filho.
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